quarta-feira, 20 de março de 2019

A América rugosa e sombria de Robert Frank

Embora todos usemos essencialmente os mesmos meios quando fotografamos, tal como todos escrevemos e falamos com as mesmas limitações da língua, os grandes mestres fazem com as imagens o que os poetas fazem com as palavras. Criam um novo mundo de sentidos, abrem portas para outros caminhos.

Robert Frank é um desses casos. Diz-se que há uma fotografia antes do suíço-americano, e que há uma outra depois dele. Sobretudo, depois do seu livro/projecto “The americans”, que compilaria uma selecção de oitenta e três imagens dos milhares de fotografias feitas numa longa viagem de automóvel através do país.

Na grande década americana, os anos cinquenta, nos tempos do Baby Boom e da fé na prosperidade imparável, o jovem fotógrafo, que aí chegara em fascínio, ganhando a vida em publicações de moda feminina, cria um olhar progressivamente mais oblíquo, de imagens rugosas, composições improváveis e desencanto latente.

Aos brilhos e fulgores da superfície da Grande América que ainda hoje instila imaginários saudosos, contrapunha Frank um outro lado sombrio, talvez menos simpático e laudatório, mas certamente mais fundo.

Robert Frank,
Estúdio da CBS,
Burbank, Califórnia, E.U.A., 1956
imagem obtida aqui

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