sexta-feira, 13 de abril de 2012

Porquê as flores?...

Os homens (pelo menos, os heterossexuais) mantêm uma estranha e forçada relação com as flores.

Oferecemo-las porque somos empurrados pelas convenções, pelas comédias românticas americanas e pela necessidade de prevenir o desapontamento das nossas amadas.
Não é que os homens não gostem de flores. Simplesmente gostam tanto delas quanto do resto da planta, do caule e das folhas. Alguns de nós gostam tanto das flores quanto das raízes. As flores são apenas a parte da planta que se esforça. A parte que grita constantemente: Olha para mim, vá lá... Olha para mim!...
E todos sabemos que nem sempre quem se esforça por ser visto é quem é mais interessante...
...
...
...Onde é que eu ia?... Ah, as flores! Oferecemo-las porque alguém convencionou que eram o símbolo do amor romântico, do amor desinteressado. Ora, pelas mulheres eu não posso falar, mas penso poder dizer qualquer coisa pelos homens. Pois então aqui vai: Quando os homens se sentem obrigados a oferecer flores, fiquem sabendo, é porque estão interessados.
Nós, os homens, somos seres muito limitados neste aspecto. Não há grandes pacotes alternativos, os homens amam quem sexualmente os atrai. A única variante possível é os homens sentirem-se sexualmente interessados por mulheres que sabem não amar. E isso, bem se vê, é terreno pantanoso.
Sabemos que as mulheres são criaturas muito mais complexas que nós, que isto do amor é uma coisa complicada. E trabalhosa. E que as mulheres esperam certas coisas de nós. E oferecemos flores.
Mas, repito, desenganem-se! Quando oferecemos flores não é que sejamos uns românticos incuráveis e castos. Quando oferecemos essas provas de amor desinteressado, estamos a dizer: Eh pá, estou interessado! Mais que interessado!
E depois, porquê as flores ?...
Com tanta coisa para oferecer como símbolo de amor não sexual, foi-se logo convencionar que a coisa ideal para oferecer é os órgãos sexuais das plantas. Que é o que as flores são. Quem decidiu, vê-se mesmo que sabia o que estava a fazer!... Levando a coisa ao absurdo, se as plantas fossem gente e quisessem oferecer entre si símbolos equivalentes, dariam umas às outras ramos de pénis e vulvas. 
Sim, eu sei, a imagem é parva e desagradável. 

Os homens são seres com limitações em certas coisas. Eu então serei particularmente limitado. Há alturas em que olho para as flores e juro que só consigo ver o que elas são…

Júlio Assis Ribeiro,
SP_V_CHRTR_O1 - nicotiana glauca,
2010


Júlio Assis Ribeiro,
SP_V_FLRNDTRMND_O3 - Flor não determinada,
2010
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