quarta-feira, 13 de abril de 2011

O principezinho em Magdala

À semelhança do caso do capitão Charles Speedy, é também em Magdala que o príncipe etíope Alamayou vê iniciar-se a sua representação fotográfica. Mas ao contrário deste, não a controla e não parece ter nela interesse pessoal.
A primeira imagem é feita no mesmo local em que o seu futuro tutor inglês se fez retratar vestido de guerreiro etíope, pode-se ver aliás o mesmo escudo que o capitão usou como adereço. Há nesta imagem apesar tudo alguma força na criança (veja-se a mão firmada sobre o punhal), que será substituida por uma aparente apatia nas fotografias posteriores de Julia Margaret Cameron e Cornelius Jabez Hughes. Dir-se-ia que aqui temos uma criança apreensiva, no meio de um túmulto, mas ainda não uma criança quebrada.
Nesta fotografia feita pelos homens dos Royal Engineers em Magdala, Alamayou, que terá sete anos, apesar do suícidio do pai, Tewodros II, permanece ainda  em algum território de conforto. Não obstante a invasão das tropas anglo-indianas, encontra-se na terra natal, a mãe doente ainda o acompanha, e está rodeado de cortesãos que falam a sua língua nativa, o amárico. Situação radicalmente oposta será a de uns meses depois, quando à chegada a Inglaterra é já orfão de ambos progenitores e foi-lhe cortado qualquer laço com a Etíopia natal. Apenas Speedy falará com ele em amárico, todos os demais usarão o inglês que não domina. Apesar da comoção e compaixão que desperta junto de boa parte da sociedade vitoriana, a começar pela soberana inglesa, será até à sua morte, pouco mais de dez anos depois, um desenraízado.

























Fotógrafos dos Royal Engineers, prícipe Alamayou, Magdala, Etiópia, 1868
imagem obtida aqui

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