sexta-feira, 22 de abril de 2011

ONTOS: Uma finlandesa na selva.

A finlandesa Sanna Kannisto acompanha  biólogos desde 1997, nas florestas tropicais das Américas do Sul e Central, reproduzindo no seu trabalho fotográfico processos e conceitos que radicam no trabalho destes. Define-se a si própria como uma pesquisadora visual.
À semelhança dos cientistas naturais recolhe amostras e espécimenes para melhor analisar e conhecer, mas afasta-se das convenções da documentação científica. Regra geral, estas fazem apresentar os  objectos de estudo isolados e sem referência de contexto, ao passo que Sanna Kannisto opta frequentemente por expôr a artificialidade do processo. Os animais e as plantas aparecem-nos rodeados pelos apetrechos de encenação da fotógrafa, os panos negros, a caixa de luz, o equipamento de iluminação. A descontextualização do espécimen é igualmente posta evidência pela presença de marcadores científicos- etiquetas, indicadores de escala, papeis. Outras vezes opta pela apresentação da parafernália científica e fotográfica in situ, na selva aparentemente intocada, introduzindo um sentido de absurdo e de ironia. Por último, outra das abordagens consiste na captura de imagens de espécimenes vivos, às vezes em grandes planos, às vezes em planos de conjunto que abarcam elementos retirados momentos antes da floresta, quase sempre tornando explícito o trabalho de encenação, seja pelos fundos de estúdio, seja pela inclusão de objectos artíficiais. Afasta-se aqui de certa fotografia científica, tipo National Geographic, que encenando ou preparando a acção opta por apagar ou por omitir os traços do fotógrafo na imagem.

Sanna Kannisto, Zona antissísmica, 2010
imagem obtida aqui





Sanna Kannisto, Rã em heliconia,1997
imagem obtida aqui

Sanna Kannisto, Sabor a néctar(2), 2008
imagem obtida aqui


Sanna Kannisto, Chorophanes spiza, 2010
imagem obtida aqui

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