No interior dum estaleiro de obra, numa área ainda não intervencionada, subsiste um jardim. Desarranjado, com ervas e matagal, apenas as árvores impõem alguma ordem. Algumas foram marcadas com spray fluorescente, circunferências cortadas com um traço vertical no caso dos troncos mais imponentes, traços simples nas árvores mais franzinas. Dizem-me que se trata dos espécimenes a abater quando a construção avançar para os lados do jardim.
Estas ávores fazem-me lembrar filmes velhos e cruéis, vistos em miúdo, em que condenados carregavam pás e cavavam os buracos onde tombariam após o fuzilamento. Também elas carregam os sinais de uma morte anunciada.
Júlio Assis Ribeiro, Sinais, Loulé, 2011
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