Moby, músico nova-iorquino estimável, decidiu este ano assumir-se como fotógrafo. Nascido numa família ligada às artes visuais, desde muito jovem decidira seguir um percurso privado de experimentação visual, a par da faceta mais pública ligada à música. Foi por bastantes anos um frequentador regular de câmaras escuras e apreciava particularmente o trabalho de Irving Penn, Dorothea Lange e André Kertész. Durante muito tempo, diz-nos ele, fascinou-o a questão técnica, coisas como qual o filme a usar para obter uma determinada gama tonal ou que recursos usar no laboratório para uma determinada riqueza de detalhe.
Nos anos noventa o contacto com o trabalho do alemão Wolfgang Tillmans, e o seu gosto pelo casual e o informal, foi decisivo numa mudança que o afastou dessa concentração no apuro técnico das imagens a preto-e-branco.
Há cerca de três anos atrás quando, durante a tournée, começava a compor as músicas de um novo álbum, interessou-o captar a estranha dualidade do ambiente da digressão. Aos momentos de euforia com o publico contrapunham-se enormes períodos de tempo solitário em espaços impessoais - hotéis, aeroportos, aviões e bastidores. Esta ideia, no inicio, meramente de interesse pessoal, acabaria por se tornar no álbum fotográfico Destroyed, lançado em conjunto com o novo álbum de mesmo nome, formando um conjunto em que as duas componentes se complementam e se citam. O nome dos álbuns decorre de uma fotografia tirada no aeroporto La Guardia, em Nova Iorque, onde Moby observou num corredor vazio um painel informativo electrónico, onde corria uma informação relativa ao destino de bagagens não reclamadas. Fazendo jus à descrição do fotógrafo como um caçador de imagens, Moby esperou que a palavra destroyed ficasse isolada no painel e "disparou".
Moby, La Guardia, do livro Destroyed, 2011
imagem obtida aqui
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Observando a amostra de 15 imagens disponibilizadas pelo British Journal of Photography, parece-me que Moby é mais feliz nos registos dos espaços vazios que percorre, seja um corredor de aeroporto ou um túnel. Nas duas fotografias de espectáculos que se observam, não me parece que consiga ilustrar a pretendida oposição com os espaços de espera impessoais, fico com a sensação que são mais um ponto de uma rotina bem planeada e mecânica. Permanece nelas uma frieza e uma distância que deveriam ser a marca-de-água apenas das imagens dos tempos que medeiam as actuações.
Moby, Los Angeles, do livro Destroyed, 2011
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Moby, Luxemburgo, do livro Destroyed, 2011
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Moby, Paris, do livro Destroyed, 2011
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Moby, Perth, do livro Destroyed, 2011
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Olá Júlio, desculpe entrar em contato através de postagem, mas não encontrei nenhum outro meio de contato com você no blog.
ResponderEliminarPercebi que você faz parte da Rede Cultura, através do 2leep.
Gostaria de convidá-lo a fazer parte também da Rede Fotográfica, que iniciei há pouco tempo e que se dedica a compartilhar informações sobre fotografia:
http://get.2leep.com/225/
Abraço,
Olá, Cid
ResponderEliminarObrigado pelo convite. Irei decerto associar-me à Rede Fotográfica, conte com um pedido no grupo do 2leep.
Abraço,
Júlio Ribeiro