domingo, 7 de novembro de 2010

A Madeira a cores

Sarah Angelina Acland nasceu a 26 de Junho de 1849, em Oxford, Inglaterra. O pai, Sir Henry Wentworth Acland, foi um importante professor desta cidade universitária que, conjuntamente com o deão Henry Lidell ( de quem era médico pessoal), ajudou a revitalizar a instituição universitária. Promoveu a criação de uma colecção que permitisse impulsionar os estudos das Ciências Naturais, e deve-se a ele, em grande medida a criação do Oxford University Museum.

Angelina cresce num ambiente onde notórias figuras da cultura e ciência da segunda metade do século dezanove se movimentam e cruzam, e travará conhecimento com muitas delas, nomeadamente John Ruskin, amigo intimo da família. Manter-se-á sempre solteira, gerindo a casa do pai após o falecimento da mãe, Sarah Cotton, em 1878. Depois da morte de Henry Acland, desempenhará diversas actividades beneméritas e, mercê duma confortável situação económica, gozará de uma evidente independência, livre das correntes obrigações da vida familiar.

O contacto com a Fotografia terá provavelmente sido muito precoce dado que o pai, à semelhança de muitos cientistas da época, foi um praticante desta novidade técnica. Foi igualmente uma das muitas crianças fotografadas por Charles Dodgson ( Lewis carroll). Em 1892, tornou-se uma executante de fotografia, facto raro, mas não único, entre as mulheres da sociedade vitoriana. Porém, o que em larga medida distinguirá Sarah Acland, será o pendor experimentalista. Praticará processos técnicos de grande grau de complexidade- trabalhará a platinotípia e será uma pioneira da fotografia a cores. Colaborará com Sanger Shepherd no desenvolvimento do processo que terá o nome deste, e que passava por três exposições simultâneas monocromáticas, com filtros coloridos distintos, que sobrepostas e tingidas forneciam uma imagem diapositiva a cores. Recorrerá igualmente a outros processos que entretanto irão aparecendo como o Autocromo, dos irmãos Lumière, o Dioptícromo de Louis dufay, ou o processo Paget, patenteado por G. Sidney Whitfield.

Senhora de saúde frágil, Sarah Acland irá com alguma frequência, durante o inverno, rumar a espaços de clima mais agradável que o inglês. E à semelhança do que fizera antes o seu pai, optará várias vezes pela ilha da Madeira. Será aí que, nas duas primeiras décadas de novecentos, realizará algumas das mais antigas fotografias a cores feitas em território português.
























Sarah Angelina Acland, Foguetes (Kniphofia uvaria), diapositivo Sanger Shepherd, Madeira, cerca de 1905
imagem obtida aqui 

Como curiosidade, pode-se acrescentar que gozava da fama de ser uma poliglota, e que no seu obituário, publicado no The Times, de 4 de Dezembro de 1930, este facto é salientado indicando que, entre outras línguas, dominava até o português.

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