Por vezes, descamba mesmo para o impossível, quando o alvo da lente é alguém que, na sua presença, se transfigura e se transforma numa personagem.
Este defeito, atribuído comummente a secções muito especificas e especializadas, como os actores e os políticos, quase como uma deformação profissional, atinge situações limite. Situações em que quase se duvida da existência duma verdadeira personalidade atrás da personagem.
Refiro-me a figuras cuja aparição em público implica, ou implicava, sempre uma encenação. Andy Warhol era um desses casos. Outro, sem dúvida, era Salvador Dali.
Ambos tinham uma relação forte com a sua representação fotográfica, ambos forneceram o material visual para alguns dos mais fantásticos retratos do século vinte. Mas, quase sem excepção, o que forneceram não foi um vislumbre do seu pathos ou da sua verdade interior. O que ofereciam à câmara era uma manipulação.
Perante este facto, por vezes a melhor abordagem que um fotógrafo podia ter era hiperbolizar o que o modelo oferecia, tornar evidente essa manipulação.
Alberto Schommer, Salvador Dali, 1973
imagem obtida aqui
|
___________________________________________________________________
Sem comentários:
Enviar um comentário