Em 1975 ajudara a criar uma inflexão na abordagem tradicionalmente americana da fotografia de Paisagem, a de um fascínio lírico,reverenciador e romantizado, que tinha Ansel Adams como referência. Na George Eastman House, uma exposição comissariada por William Jenkins e intitulada "New Topographics: Photographs of a Man-Altered Landscape", reunia Deal mais sete norte-americanos (incluindo Stephen Shore e Robert Adams, este último sem qualquer parentesco com Ansel Adams) e ainda um casal alemão, Bernd and Hilla Becher. Unia-os uma abordagem, que longe de querer apresentar uma imagem ideal de espaços naturais, se concentrava na demonstração da escala das alterações que o homem introduzia em espaços outrora selvagens. Imagens simples , com gosto pelo literal, unindo a abordagem de certa fotografia , jornalística e socialmente empenhada, com os planos alargados do género paisagístico.
Bernd e Hilla Becher, Moagem de carvão Loomis,Wilkes Barre, Pensilvânia, 1974
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Esta exposição, cujo efeito fundador provavelmente não se adivinhava na altura, acabaria por fundar e marcar muita da Fotografia posterior, e muito do olhar dos fotógrafos. A acção dos seus participantes enquanto futuros professores de Fotografia, num enquadramento universtário, e as tendências conceptualizantes da Arte contemporânea (dominantes particularmente nos anos setenta) não foram alheias a este impacto.
Nos seus derradeiros anos, Joe Deal retornou ao Midwest natal e trabalhou uma série que intitulou “West and West ”. Nesta, as imagens centram-se sobre os vastos campos abertos, vazios, mas dotados de um potencial de mutação. Marcas de erosão deixam adivinhar destruições passadas, acidentes do relevo questionam-nos, erva queimada denuncia-nos o fogo que passou, a luz alterada por nuvens pesadas fazem-nos perceber um prenúncio. Estas imagens não se concentram directamente na alteração física introduzida pelo homem, ideia central na obra de Deal, mas antes pretendem pôr a questão historicamente. Propositadamente, a série inicia-se após os 150 anos do Kansas-Nebraska Act , de 1854, que abriu oficialmente as grandes planícies americanas ao povoamente e exploração de populações vindas do Este dos Estados-Unidos e da Europa. Ao contrário de uma idealização da paisagem, o propósito de Deal era o de incentivar uma reflexão sobre a mudança, sobre o que não mudou e o que foi mudado. À semelhança de muitas das fotografias da linhagem de "New Topographics: Photographs of a Man-Altered Landscape" , de subúrbios e urbanizações em choque com terrenos em estado semiselvagem, em que o elemento humano se encontra ausente, é apenas presentido pelas marcas que deixa, também aqui o significante é marcado ( pelo menos no plano das intenções) pela ausência, as planícies vazias remetem-nos para o que foi nelas alterado depois de 1854. Joe Deal traçava igualmente um paralelo entre o quadrado das imagens que retalha uma porção da realidade e a grelha dos topógrafos que recortaram os novos territórios numa malha ortogonal, veja-se o espantoso mapa das fronteiras do Midwest.
Joe Deal, Sol e sombra, Planalto do Missouri, 2005
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Joe Deal,zona queimada, Flint Hills, 2006
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Joe Deal, Colina, Piedmont, Colorado , 2005
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Joe Deal, Choupo americano, Flint Hills, 2006
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