Se é certo que fotografou os grandes mares de dunas que fascinam os ocidentais, a verdade é que, tendo-os atravessado, fê-lo da forma como os locais sempre o haviam feito, em pequenos grupos, recorrendo a camelos, transportando o essencial, vivendo com o mínimo. A admiração pelos povos da área, capazes de subsistir num ambiente agressivo, levou-o a procurar os seus costumes e mimetizar os seus hábitos. Atravessaria a Arábia, passando fome e sede por vezes, como eles, e criaria laços de grande amizade com alguns dos seus companheiros beduínos.
A Arábia de Thesiger não é apenas paisagem, é também frequentemente um espaço habitado. E as suas fotografias documentam um tempo prévio à grande uniformização que se abateu sobre essa parte do Médio Oriente. As gentes de Thesiger são muito mais variadas do que as visíveis nas imagens duma Arábia actual. Os diferentes grupos que perpassam pelas suas imagens vão muito além do universo masculino com as roupagens dos sauditas mais abastados da sua época, naquilo que será o estereótipo do árabe nos tempos correntes. Há diferentes penteados, trajes, hábitos. Há mulheres não encerradas em espaços fechados, não esmagadas em cobertas.
Os companheiros beduínos de Thesiger viriam mais tarde a aceitar as vantagens da uniformização. Receberiam o dinheiro dos petro-estados, fechariam as suas famílias em grandes casas com ar condicionado, deixariam de aguentar a aspereza das areias.
Mas William Thesiger consideraria essa sua nova Arábia algo bem mais pobre.
Wilfred Patrick Thesiger,
Beduínos Sa‘ar no poço Manwakh,
Iémen, 1948
imagem obtida aqui
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