Ora, o olhar de Gérald Bloncourt não foi exactamente um dos mais cómodos. Frequentemente recordado como o fotógrafo da emigração portuguesa em terras francesas dos anos sessenta, as suas imagens dos bidonvilles, os degradantes bairros de lata dos subúrbios, revelavam um quotidiano cuja exposição desagradava e embaraçava autoridades e sensibilidades publicas, quer cá, quer lá.
Mas Gérald Bloncourt foi mais do que o documentarista dos bidonvilles. Ele, que não era estranho à miséria, contra a qual lutara no seu Haiti natal, rumou ao país que alimentava aquilo que ele considerava uma forma de escravatura moderna, e documentou também a pobreza rural e urbana portuguesa que dava às dificuldades das barracas francês alguma relatividade. A fuga a salto, pelos Pirinéus, que ele também fotografou, oferecia apesar de tudo uns tons de esperança.
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