A lua, diziam-nos as notícias, seria vísivel como uma super lua, enorme e brilhante.
Às sete horas e pouco da tarde desse mesmo dia, pude observar um fenómeno igualmente raro e perturbador.
Na estrada do Arraial, em Tavira, uma massa indiferenciada de gente, composta de portugueses, espanhois e outros europeus (menos ruidosos), encostava os carros, sacava dos telemóveis e de pequenas câmaras compactas e apontava à lua. Ao evento que o reflexo celestial proporcionava contrapunha-se o espectáculo dos flashes sincopados que disparavam ao longo da estrada. Visto à distancia poderia parecer um reposição dos Encontros Imediatos do Terceiro Grau.
Mas não apareceram charutos voadores e não houve a música do John Williams que enchia o filme de Spielberg. A banda sonora dessa tarde era feita maioritariamente por sons do tipo " Que pasa?!..", " 'Tá quieto, joão, que cais à salina!", "O flash disparou?", "Não percebo, não 'tá cá nada..." e " Já podemos ir embora?...".
Júlio Assis Ribeiro, Lua na salina, 19 de Março de 2011
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